Portugués de Brasil
VENTANA ILUMINADA
La noche cae desde las cornisas
borrando las ventanas del hotel.
Me fui al alba, dejándote en la Ilíada
abierta junto a ti sobre la cama,
mi breve carta escrita en los márgenes
y en los espacios libres que dejaban los versos.
Te decía que debe estar prohibido
ensuciar con mensajes un poema como éste.
Pero tú y yo hicimos juntos
tantas cosas prohibidas.
Me da miedo esta vida que ahora empezará
al salir cada uno solitario a la calle.
Otros huéspedes, hoy, encienden los cristales.
No he podido entender nunca qué fuerza
tuve para dejarte, o bien qué fuerza
me faltó cuando me iba de tu lado.
[De Estación de Francia]
JANELA ILUMINADA
A noite cai desde as cornijas
ofuscando as janelas do hotel.
Parti ao amanhecer, deixando na Ilíada
aberta ao seu lado sobre a cama,
a minha breve carta escrita nas margens
e nos espaços vazios que deixavam os versos.
Dizia que deve estar proibido
sujar com mensagens um poema como este.
Mas você e eu fizemos juntos
tantas coisas proibidas.
Temo a vida que agora começará
ao sairmos cada um sozinho pela rua.
Hoje, outros hóspedes, acendem as vidraças.
Não pude entender jamais que força
tive para deixar você, ou melhor, que força
faltou para evitar que partisse do seu lado.
[Traducción al portugués de Brasil de Sandra Aparecida Teixeira de Faria]